Em uma das entradas do 1º Batalhão de Polícia Militar (1º BPM) das Rocas, a
cena de algumas viaturas paradas encostadas com pneus furados recepciona o
visitante. De acordo com um dos policiais que não quis se identificar, quando o
veículo é locado pelo Estado, ele rapidamente é reposto, porém, quando faz parte
da frota própria, fica dias aguardando o reparo. Não há números oficiais, mas os
depoimentos de policiais mensuram o problema. Assim como acontece na Polícia
Civil, viaturas da Polícia Militar deixam de circular por danos mecânicos e
demora no conserto. Sem o auxílio governamental, a própria população é quem
socorre os policiais.
Na tarde da última sexta-feira, o 1º BPM contava
com cinco viaturas disponíveis para fazer o policiamento nos bairros que compõem
a área de atuação do Batalhão. “Hoje está bom, já teve dia que a gente teve dois
carros para o fazer toda essa área. O ideal seriam cerca de 12 veículos”,
confidenciou o soldado que conversou com a reportagem.
O batalhão tem um oficial designado para efetuar reparos nas viaturas
problemáticas, todavia, este esbarra na falta de equipamento e peças para
concluir o trabalho. “Hoje mesmo ele veio aqui, fez um reparo em um carro, e ele
está agora na rua. Mas tem situação que não dá para fazer isso. Algumas vezes um
comerciante do bairro ajuda fazendo um remendo aqui, outro ali”,
completou.
No bairro de Pajuçara, zona Norte de Natal, onde atua o 4º
BPM, o borracheiro Francisco das Chagas Pereira, destaca que é comum fazer
serviços em viaturas, “geralmente uma ou duas vezes por mês”. Ele diz que, na
maioria das vezes, o serviço é feito de graça, com a intenção de que o carro não
pare de circular. “Algumas vezes uns pagam, em outras ocasiões, acabo não
recebendo. Mas eu faço, porque se não tiver veículo para circular, o maior
prejudicado acaba sendo eu mesmo”, revelou.
Distante dali, no bairro
Guarapes, na zona Oeste de Natal, ligada ao 9º BPM, a comerciante Maria da
Piedade Gomes, 35 anos, possui uma pequena loja vizinha a uma base de apoio da
Polícia Militar. Ela revela que são raras as vezes que vê uma viatura passando
pelo local com a frequência que a deixaria mais segura. “Eu moro aqui há quatro
anos e não vejo policiamento direito. Raramente passa uma viatura”,
disse.
Maria Piedade não sabe, mas a viatura que deveria fazer a ronda em
seu bairro está parada há quase uma semana, no pátio do batalhão, pois o veículo
está sem bateria. De acordo com alguns policiais, quando isso acontece, existem
duas saídas: fazer a ronda a pé ou usar um veículo de outra base. Nenhum das
opções foi escolhida naquele dia.
Ainda na última sexta-feira, três
veículos estavam parados no pátio do 9º BPM. Dois deles estavam inoperantes a
menos de uma semana e os problemas que os tiraram das ruas foi pneu furando e a
falta de bateria. Existia ainda um terceiro veículo. “Esse aqui está a mais de
ano parado. Nem sei qual é o problema”, declarou outro PM.
De acordo com
o comandante da PM, coronel Francisco Araújo, a corporação conta hoje com uma
frota de 1.300 veículos para atender todo o Estado. São carros e motocicletas
utilizadas em todos os batalhões. A maioria dos veículos pertence à corporação.
Veículos locados somam hoje 220 carros. Outros 430 são da própria PM e, os mais
antigos, são do ano 2009. Coronel Araújo reconhece que há problemas quando algum
veículo fica parado. “Se o carro é locado, a empresa tem 48 horas para repor a
viatura. No caso de carros próprios, existe a dificuldade de adquirir material
de reposição”, disse.
O comandante afirmou ainda que parte do problema
será resolvido em breve. Nos próximos 45 dias, a PM receberá 150 veículos novos.
Os carros são do modelo Duster, da empresa Renault, vencedora de um pregão
eletrônico realizado pelo Governo do Estado. Os veículos se enquadram na
categoria SUV (em inglês, Sport Utility Vehicle, que significa veículo
utilitário esportivo) e darão mais agilidade ao comando. “Os veículos servirão,
inicialmente, para escolta e batedor durante a Copa. Depois, serão usados em
qualquer operação”, pontuou.
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